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sábado, 25 de agosto de 2012

25.- DIVIDINDO LISONJAS



Ano 7*** Frederico Westphalen/Porto Alegre ***Edição 2215
Uma vez mais esta edição esta sendo postada, quando recém deixo Frederico Westphalen, onde vivi uma extensa sexta-feira prenhe de fecundas ações acadêmicas, nos três turnos, como antecipei ontem. Agora sonho dormir a bordo e chegar, quando for quase seis horas, em Porto Alegre.
A dica de leitura sabática hoje tem outro desenho e é de uma (in)suspeita tolerável. Vou fazer sugestão em causa própria.
Quando de minha estada em Manaus, na quinta-feira da semana passada, Elvira França, uma terapeuta, que faz relevantes trabalhos sociais, ligados à Pastoral da Criança, comprou um exemplar de cada um dos meus sete livros em circulação. Na sessão de autógrafos, fez um pedido inusual: “Quero estudar sua obra! O senhor poderia organizar uma sequencia para ler estes livros!” Não tinha a mínima ideia da sugestão a oferecer. Ela com o inusitado volume de compra já tomara bastante tempo na fila, agora, elaborar um plano de leitura era algo quase aleatório. Não sei qual a sugestão oferecida e mesmo agora não saberia que proposta oferecer. Sei que recordo da Elvira anotando em cada livro e que devo ter colocado o Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto em sétimo lugar, para se constituir numa sobremesa aos outros seis.
Eis que esta semana recebo uma mensagem intitulada ‘Carta de Manaus’. Autorizado pela autora, transcrevo excertos da mesma.
Prezado professor Attico Chassot: Apesar do senhor ter falado para mim que o livro das memórias era a última publicação, quando do autógrafo dos sete livros que eu comprei em Manaus, não resisti e já comecei a lê-lo, talvez encantada pelo desenho da capa e pelo fato do senhor ter dito que seria uma leitura mais leve. Eu queria conhecer o estilo e posso lhe dizer que ler seu livro é como chupar drops Dulcora na infância. Não sei se o senhor tinha esse drops no Rio Grande do Sul. Era um drops quadradinho de diferentes sabores. Vinha embalado em papel colorido, de acordo com a cor dos drops, e dentro cada um deles era embrulhado em papel celofane. Alguns eram mais gostosos que outros, e então eu sentia aquela expectativa de abrir e fazer uso dos drops até chegar na cor preferida.
Estou interessada nos dados sobre alfabetização científica, considerando o fato de eu estar desenvolvendo um trabalho para promover os conhecimentos sobre neurociências para as pessoas com baixa escolaridade, para que possam entender os danos que as drogas causam ao cérebro, assim como os hormônios do estresse. Pois bem, no início do livro achei que era mais algo falando sobre sua vida. No entanto, o senhor apresenta um registro histórico de outras vidas inseridas na sua.
Amei a parte na qual o senhor fala da sensualidade de se manipular um livro impresso e sobre o amor à leitura e escrita. Os dados precisos que o senhor fornece sobre diferentes fatos históricos são interessantes, porque eles abrem perspectiva de pesquisa direcionada para quem quer investigar sobre o tema. Achei linda a forma amorosa com que o senhor promoveu o ensino da química no Brasil, e como guarda os registros sobre diferentes congressos e temas. Fiquei feliz ao ver o nome do Otávio Maldaner, cuja esposa foi minha colega de mestrado. Eles sempre estavam na nossa república e nas festas era o responsável pelo delicioso churrasco gaúcho. Por isso, as suas memórias evocam memórias gostosas no leitor.
Um dado interessante foi sobre sua atividade como blogueiro. Até então eu resistia a entrar em blogue e de repente eu estava lá vendo as notícias que o senhor repassa para as pessoas que entram no blogue. Eu sempre ouço as pessoas dizendo para eu fazer um blogue para disponibilizar os materiais didáticos que eu tenho, mas ainda não me encorajei, mas posso dizer que já sei o que é. Fico meio encucada com essas coisas das pessoas falarem sobre o uso da internet para outras finalidades que não seja o bem das pessoas e fico temerosa de dar muitas informações sobre minha vida a elas.
Bem, primeiramente, fiquei feliz por saber que foi tudo bem em Parintins. Eu fiquei um tanto preocupada com aquela questão do incêndio no aeroporto. Ainda bem que o senhor teve outras pessoas para seguir junto e assim não ficou tão sozinho aguardando a saída do avião.
Quero lhe dizer que estou muito feliz por estar em contato com um mestre. Eu senti muito a perda do professor Mário Osório da Unijuí, porque era uma pessoa com quem eu sempre me comunicava para trocar ideias. Sua presença e forma acolhedora de encontrar as pessoas, procurando transmitir conhecimentos e experiências me fez relembrar os tempos bons de trabalho em Ijuí e de como ele me ajudou a enfrentar obstáculos no trabalho docente.
[...]
Por enquanto, deixo um grande abraço e gratidão pela leitura de seu livro. O último livro que eu havia lido foi Odisseia de Homero, e não conseguia me desgrudar do livro para ver como seria o final. O mesmo está acontecendo com seu livro, com a diferença de que a leitura está sendo muito mais fácil e gostosa, pela forma como o senhor estrutura seu texto, usando os recursos da escrita moderna.
Obrigada e que sua luz possa continuar iluminando muitas mentes, especialmente de mulheres, para que possam produzir ciência, Elvira Eliza França
O tom informal como a Elvira fala do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto supera, talvez uma sofisticada resenha. Para ela um obrigado. Para algum leitor que tenha ficado seduzido uma sugestão: em www.professorchassot.pro.br há uma livraria virtual o livro está em promoção a qual se adita o porte de correio e uma dedicatória pessoal.

6 comentários:

  1. Em mais um 25, com admiração e carinho percebo a merecida acolhida que o "Memórias" está recebendo!

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  2. Caro Mestre
    Quanto carinho expresso nesta manifestação da Elvira. Sou suspeito na avaliação do "Memórias", pois orgulhosamente me considero parte desta construção. Também me sinto parte do comentário da Elvira, quando destaca a atividade blogueira trazida por ti na obra. Aliás, devo confessar que meu fazer blogueiro tem uma fonte inspiradora chassotiana.
    Parabéns à Elvira pelo relato e um bom FINDI prá ti.
    JB

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  3. Já disse o poeta dos poetas, Jesus Cristo, "A palavra é o refrigério da alma". Ler "Attico Chassot" nos transmite uma sensação de ambiente simpático e tranquilo. Seu estilo leve de escrita permite que todos tenham acesso a sua leitura, sem no entanto perder a qualidade da informação. Minha mãe, advogada, psicologa, procuradora federal aposentada, hoje com seus 90 anos porem muito lúcida, ao terminar a leitura de um de seus livros não economizou elogios ao estilo. Ser leitor de Attico Chassot naturalmente nos transforma em discípulos fieis.
    Justos parabéns ao Mestre,

    Antonio Jorge

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  4. "Horizontes novos Professor! De Sul a Norte, excelente. Como sempre dizes: o objetivo do escrito é ser lido. Estou, também, desenvolvendo a leitura de modo a sorver. Como nasci e vivi em uma pequena cidade no Norte do RS, muitas coisas que já eram passado em Montenegro, cidade mais central, estavam na moda em Liberato Salzano. Há uma espécie de "ratatouille" para o espírito nas primeiras páginas que consigo 'degustar' em Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto com todo o paladar que me propus. Semelhanças com o "drops" de Manaus. Um texto que desperta sensações, emoções, reminiscências. Bom descanso e recomposição de forças Professor. Abraços,
    Claudionei Vicente Cassol

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  5. Professor Chassot,
    obrigada pela consideração pela minha carta. Já acabei de ler o livro e gostei muito, principalmente da parte sobre a biblioteca de Alexandria. Senti vontade de estar lá, e felizmente o senhor dá vários detalhes que possibilitam a gente viajar junto no transporte das palavras. Sempre que termino de ler um livro bom sinto uma sensação de vazio, mas isso não aconteceu dessa vez. Como se trata de uma obra inacabada, pois sei que o senhor continua com seu diário, e como tenho os outros para ler, fiquei feliz com o término para começar outras leituras. Também consegui terminar o livro sobre o gênero da ciência e fiquei deslumbrada com as articulações que o senhor faz para apresentar a questão da discriminação da mulher na ciência. Encontrei três errinhos e anotei, mas não estou com o livro aqui para passar para o senhor, mas vou fazer isso depois. Achei lindo o final quando o senhor fala sobre a questão da maternidade e o investimento que isso requer à mulher, precisando haver uma divisão com o homem, para não ser tão oneroso à mulher. Obrigada por ter aumentado meu compromisso em relação à minha produção intelectual como contribuição feminina à ciência.
    Deixo um grande abraço e um bom final de semana. Na semana que vem vou comprar minha agenda para começar meu diário!!! Abraços
    Elvira França

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  6. Ainda encantada pela exposição feita por ocasião da apresentação da Aula Magna na sexta, 24/08, na URI – FW, fico perguntando:
    Por que não podemos nos ater mais na busca do esclarecimento dos conceitos que usamos para melhor compreendermos seu sentido e,
    em decorrência, significa-los, na concretude de nossa existência?
    Excelente trabalho, mestre Chassot, de grande pertinência.
    Cá entre nós, valeu não só pela parte que lhe cabia na referida Aula Magna, mas, ainda, pelo mais que, frustradamente,
    não tivemos naquela noite (se me permite dizê-lo, embora saiba que com frustrações também aprendemos).
    Meus sinceros agradecimentos pelo brilhante desempenho, grande mestre Chassot!
    Grande e carinhoso abraço: Ilíria

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